
A síndrome de asperger é uma perturbação do desenvolvimento caracterizada pela dificuldade ao nível de relacionamentos sociais e comunicação não verbal, que se enquadra nas perturbações do espetro do autismo.
As dificuldades ao nível das competências sociais, na capacidade de diálogo, o interesse obsessivo por um assunto são as características principais deste síndrome e imprimem no comportamento das crianças um carácter invulgar ao olhar dos outros, sobretudo ao olhar das outras crianças, os seus pares.
Sem desconsiderar a importância dos aspectos da cognição, psicomotricidade e outros, alertamos para as dificuldades vividas ao nível da socialização em contexto escolar.
A maioria dos pais referem-se muitas vezes ao isolamento das suas crianças na escola e falta de amigos genuínos. As pessoas com esta síndrome parecem não ser capazes de interpretar sinais não verbais de comunicação e são mesmo capazes de tecer comentários que, embora verdadeiros, são embaraçosos – o que, inevitavelmente, prejudica a sua adaptação social.
Quais as caraterísticas principais da Sindrome de Asperger?
Lorna Wing (Burgoine e Wing, 1983) identificou como características clínicas principais da Sindrome de Asperger:
Ausência de empatia em determinados momentos e dependendo do nível de espectro;
Interação ingénua, inadequada e unilateral;
Reduzida (ou mesmo ausente) capacidade para estabelecer amizades;
O discurso muito formal e repetitivo;
Comunicação não verbal pobre;
Interesse constante por determinado assunto;
Fraca coordenação motora e posturas corporais estranhas e desajeitadas.
Os pais referem com frequência o intenso fascínio por um determinado assunto, com preferência pelas conversas e discussões com adultos. Estes domínios e interesses persistentes podem facilitar a comunicação com os pares na medida em que a criança pode despertar o interesse dos outros, sentindo-se valorizada. No entanto, o discurso tende a ser muito factual e demasiado preciso, revelando dificuldade na capacidade de abstração e na compreensão de conceitos subjetivos, por isso podem ser inflexíveis a outros pontos de vista.
Em crianças em idade escolar um dos sintomas mais visíveis pode ser a exclusão social, estas são crianças que habitualmente encontramos a brincar sozinhas, interessadas por atividades atípicas (pouco interessantes para crianças da mesma idade), frequentemente rotineiras e repetitivas. Este é um dado de grande importância que merece ser clarificado com os pais e com a escola, de modo a evitar as consequências da estigmatização ou o reforço do isolamento/exclusão.
Quando falamos de falhas ao nível da empatia não estamos a falar de uma indiferença ao outro, antes pelo contrário, estas crianças podem procurar a relação com os outros, mas têm dificuldades em fazê-lo de forma eficaz. Por vezes assumem o papel do “faz-tudo” ou do “bobo da corte” como tentativa de integração nos grupos. Assistimos a uma intensa dificuldade em interpretar os sinais não verbais das outras crianças, o que não lhes confere a possibilidade de aceder aos estados emocionais dos outros, sendo igualmente difícil dar nome aos seus estados emocionais e expressar de forma adequada o seu desconforto, alegria, etc. Em alguns casos observamos expressões muito exageradas das emoções, comportando-se perante a alegria ou a tristeza de forma desajeitada e pouco madura par