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Porquê procurar um(a) psicólogo(a)?



Sendo Outubro o mês da Saúde Mental, não poderia este artigo refletir outro assunto que não o desta temática. Existe ainda uma espécie de estigma sobre quem sente necessidade de recorrer a um psicólogo. Quase como se fosse “uma pessoa doente”, o que muitas vezes leva inevitavelmente a tornar-se um assunto tabu, envolto em alguma negação e vergonha. Muitas vezes por existir este estigma vincado quase inconscientemente na nossa sociedade, algumas pessoas mesmo querendo abordar estes profissionais de saúde e pedir a sua ajuda, preferem negar esta vontade e recusam procurar este apoio.


A psicologia significa o estudo da alma. É a ciência social que se dedica ao estudo do indivíduo em toda a sua dimensão, de uma forma holística: o corpo e a mente. A psicologia incorpora as dimensões da razão, da intuição, dos sentimentos, desejos e emoções, dos comportamentos e dos conflitos nos relacionamentos com as outras pessoas e com o próprio sujeito.

As terapias da psicologia têm como objetivo apoiar a pessoa a lidar com os seus conflitos internos/externos, as suas emoções, das mesma forma que um professor auxilia um aluno quando este apresenta dificuldades de aprendizagem, ou um advogado ajuda alguém quando tem um problema judicial. A simplicidade deveria ser a mesma, assim como a sua aceitação. Porém, porque é ainda tão difícil para as pessoas que sofrem com os seus problemas psicológicos procurar a devida ajuda?


Os problemas do foro da psicologia são como uma faca com dois gumes, em que por um lado existem sintomas que impedem ou prejudicam a pessoa no seu quotidiano e por outro existe o estigma da sociedade em relação a este tipo de situações.

Apesar do muito que se tem feito pela saúde mental em Portugal, há ainda uma grande injustiça social para com as pessoas que sofrem com problemas desta natureza. A ignorância em relação às perturbações mentais e ao seu tratamento é ainda evidente. O estigma da doença mental repercute-se de forma nefasta nos próprios doentes, retardando e impedindo-os de procurar cuidados de saúde, o tratamento e a sua recuperação. As investigações mostram que o contacto com as pessoas que sofrem de doenças mentais e o grau de literacia sobre estas problemáticas são os fatores mais influentes no combate ao estigma.


Posto isto, é importante refletir e questionar porque será tão difícil para as pessoas que sofrem por algum problema psicológico - seja de caráter individual, de casal, familiar, laboral, etc – procurar a ajuda de um psicólogo?

Para esta questão existem várias respostas possíveis. Para começar, existe alguns preconceitos estabelecidos, nomeadamente de que recorrer a um psicólogo é sempre bastante dispendioso, dos efeitos serem muito demorados e de que apenas recorrer a este profissional quem está “louco”.

As terapias da psicologia são na verdade tratamentos com começo, meio e fim, onde o terapeuta aplica os seus conhecimentos para diagnosticar os problemas, ajudar a criar estratégias de coping e de solução em conjunto com a pessoa.

As pessoas ao longo da sua vida podem deparar-se com situações de angustia, receios, ansiedades, problemas relacionais, que podem em dado momento desencadear reações e inquietações que podem levar a depressões ou apenas a impedir o desenvolvimento saudável da pessoa que não se sente capaz de lidar com estas circunstâncias. Precisamente para ajudar a enfrentar estas questões que incomodam e de forma nefasta prejudicam o desenvolvimento das pessoas, surge a possibilidade de realizar psicoterapia. É importante relembrar que ser saudável não corresponde apenas à ausência de doença(s) mas sim viver bem, com qualidade mais ou menos objetiva, dispondo de um bem-estar físico, emocional e psíquico.

A psicologia vai ajudar a encontrar um ponto de equilíbrio entre a parte emocional e racional de cada indivíduo, promovendo comportamentos que tragam maior segurança e bem estar. O terapeuta escuta e ajuda neste processo, identificando dificuldades e necessidades, refletindo (em conjunto) sobre estas e possíveis causas das mesmas e cria com o seu paciente meios para colmatar estes conflitos. Este processo, que requer tempo, paciência, persistência e disciplina, deverá resultar em modificações positivas na vida de quem recorre a um psicólogo. É um processo que pode muitas vezes ser doloroso, mas que tem como recompensa o amadurecimento, crescimento e desenvolvimento pessoal.


É também importante referir que quanto mais cedo se procura ajuda, mais célere será o processo de diagnóstico e de resolução do mesmo. Procurar ajuda psicológica é um sinal de coragem e maturidade! É a oportunidade que a pessoa dá a si própria de encarar os seus problemas e as dificuldades, de aprender a melhor maneira de lidar com os mesmos, de se fortalecer, de desenvolver as suas potencialidades e de se autoconhecer.

É um investimento direto na qualidade de vida psíquica, orgânica e social… No seu crescimento pessoal! Fazer psicoterapia é reservar um espaço, um lugar e um tempo na vida para cuidar doa própria pessoa.


De referir ainda que a psicologia não está limitada apenas para quem se encontra num período menos saudável, em que necessita de apoio, mas que pode e deve ser um recurso para qualquer pessoa que queira trabalhar em si próprio, nas suas capacidades e no seu autoconhecimento.

É importante desmistificar e destruir o tabu associado a quem recorra a profissionais de saúde desta vertente.


Artigo escrito por: Enfª Inês Félix

Artigo revisto por: Dr. Miguel FC


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