Será que respirar pela boca faz mal à saúde? A Terapia da fala responde e ajuda!
A respiração nasal garante o desenvolvimento adequado do complexo craniofacial e respiratório, por meio da ação correta e equilibrada da musculatura orofacial. Esta função promove o adequado funcionamento das restantes funções estomatognáticas, como a fala, mastigação e deglutição. No fundo, respirar corretamente é muito importante.
Contudo, em muitas situações a tendência fisiológica de respirar pelo nariz é interrompida por causas de obstrução nasal recorrente, como alterações estruturais na cavidade nasal (p. e. hipertrofia de adenoides e/ou cornetos nasais), alergias ou hábitos funcionais. Respirar não é só importante, mas sim muito urgente, por isso, e perante a impossibilidade de realizar a função de respirar pelo nariz, o corpo assume a alternativa e imperativa de respirar pela boca, o que origina alterações locais e sistémicas que comprometem negativamente a qualidade de vida, estética facial e a saúde geral do individuo.
O padrão respiratório oral (respirar pela boca) leva à ausência da adequada filtração, humidificação e aquecimento do ar inalado, facilitando a entrada de microrganismos na via aérea e, consequente, instalação de infeções altas (p. e. faringites). Além disso, nestes pacientes existem alterações na ventilação pulmonar, comprometendo a complacência pulmonar.
Os pacientes com padrão respiratório oral apresentam desequilíbrios crânio e dentofaciais, isto é, o crescimento facial é realizado de forma anómala assim como o desenvolvimento esquelético maxilar e mandibular. Compreende-se assim que muitas das funções desempenhadas pelas estruturas lábios, língua, dentes e bochechas estejam comprometidas. A preferência alimentar por texturas mais moles, a mastigação pouco eficiente e ruidosa, o registo de dificuldades na produção de determinados sons, são alguns sinais relacionados com as alterações provocadas pela respiração oral. Durante a noite, também a presença de roncopatia (ressonar), agitação, sudorese noturna (suar à noite) ou desidratação podem indicar dificuldades respiratórias que, consequentemente, influenciam a qualidade do sono, seguindo o cansaço diurno, inquietação e até dificuldades de concentração.
A acção da terapia da fala
O Terapeuta da Fala tem como uma das áreas de intervenção a Motricidade Orofacial. Nesta área são avaliadas a musculatura facial e intraoral do indivíduo, assim como, o equilíbrio no desempenho das funções estomatognáticas (respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala) realizado pela interação das estruturas e musculatura orofacial.
O terapeuta avalia de forma integral a musculatura facial e intraoral (Músculos da cara e de dentro da boca) e o equilíbrio das funções estomatognáticas, procurando a harmonia entre músculos, estruturas (língua, lábios, bochechas, dentes, entre outros) e funções orais.
Perante uma perturbação miofuncional oral, a avaliação e intervenção do Terapeuta da Fala nestes casos requer uma visão holística, com integração numa equipa multidisciplinar.
A terapia miofuncional orofacial realizada pelo Terapeuta da Fala detém um conjunto de métodos, estratégias e treino de funções estomatognáticas que devolvem o equilíbrio muscular, a reestruturação dos órgãos fonoarticulatórios e desempenho das funções orais. Posto isto, a terapia pretende provocar mudanças nos padrões de repouso e funcionais das estruturas orofaciais e, assim, diminuir desvios no desenvolvimento craniofacial, muitas vezes em conjunto com a intervenção do médico dentista, osteopata e após avaliação do profissional otorrinolaringologista e/ou alergologista.
O diagnóstico e intervenção nos casos de respiradores orais, devem ser realizados o mais precocemente possível, de modo a acompanhar o crescimento craniofacial e minimizar as consequências do padrão respiratório patológico.
Conte sempre com os terapeutas da fala da Ferreira da cunha Saúde!
Artigo de opinião escrito por: Terapeuta Mariana Alface